quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Receita dos Grisi

Foto: Maria Livia Cunha

Dona Vicencia, a provedora do sabor italiano que passa de geração para geração dentro da família Grisi.

Hoje a tarde (31/08), fui a casa de Rosemary Grisi, em Manaíra, conhecer a receita que representará os Grisi neste livro-reportagem: a berinjela recheada.

Uma receita simples e muitíssimo saborosa, posso adiantar, embora os detalhes mais deliciosos eu deixe para os nossos futuros leitores. O papo foi maravilhoso, embora nosso querido co-autor Felipe Ramelli não tenha comparecido por causa do expediente no Jornal. Para minha surpresa, as irmãs de Rosemary, e também netas de Dona Vicencia, Maria das Graças e Rossana Grisi, apareceram para a “chiacchierata”.

Por mais ou menos duas horas, elas e meu gravador estiveram atentos para puxarem para o hoje os fios de memória que remetem a um passado italiano que elas sequer vivenciaram diretamente.
Mais uma experiência excelente. Próximo passo: Redigir o primeiro capítulo.

Data de entrega ao professor orientador Thiago Soares: 11/09, mais um domingo.

A primeira conversa

Foto: Maria Livia Cunha
Finalmente, agora (em 30/08/2011) podemos dizer que começamos o trabalho e, em breve, também colocaremos a “mão na massa” (próximo post). Tivemos o encontro inicial com integrantes da família Grisi, a primeira das cinco que conversaremos para a produzir o livro. As primas Ialmita, Rosemary e Eni foram os personagens que bateram papo conosco por quase duas horas. A tarde até que passou rápido, graças à rica história da família, que chegou à Paraíba na segunda metade do século XIX.
Muitas histórias chamaram nossa atenção mas, por motivos óbvios, não vamos contar aqui no blog. Apesar do tempo, muitas lembranças ainda estão frescas nas memórias dos integrantes da família Grisi, principalmente aquelas relacionadas a personagens como Vicencia Troccoli, que casou com Michelle (que virou Miguel) Grisi. Juntos, eles tiveram sete filhos e contribuíram para que a família se espalhasse pela Paraíba.
Entre as lembranças, muitas delas passam pela Alfaiataria Griza. O estabelecimento, que era localizado na avenida Maciel Pinheiro, contribuiu para que o nome da família ficasse conhecido no estado.
Enfim, nosso gravador captou muita conversa e histórias não faltarão para concluir o capítulo relacionado à família Grisi. Agora, vamos atrás de mais documentos e fotos para servir de apoio.

Até a próxima!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Primeiro contato!



Foto: Felipe Ramelli
No domingo, dia 28, nós tivemos o primeiro contato com esse universo dos imigrantes italianos e seus descendentes. Foi a festa da Nossa Senhora Achiropita, a padroeira italiana dos imigrantes. Conta a história de que um padre teria pedido para que fosse pintada a imagem de Nossa Senhora na lateral da sua capela lá na Itália, só que a pintura nunca ficava na parede... Daí, um dia, de repente, apareceu uma imagem belíssima da Santa. Depois dessa, não era para menos, ficou: a Nossa Senhora que não foi pintada pelo homem. Agora, a relação com os imigrantes eu ainda não esclareci.

(A Festa de Nossa Senhora Achiropita, é realizada todos os anos durante os fins de semana de agosto. Comemorada desde 1926, originalmente por imigrantes italianos da região da Calábria, segundo a fonte super segura Wikipédia)

Enfim... A Festa na Paraíba é promovida pelo Instituto Dante Alighieri (onde toda a história desse livro começou, mas isso já foi dito no post anterior) e deveria ter acontecido no dia 15 agosto, neste caso, no domingo dia 14, mas aí era Dia dos Pais. Então eles foram adiando... adiando... e acabou ficando no dia 28 mesmo.
Chegamos um pouco tarde à missa que acontecia na Paróquia São Miguel Arcanjo, no Bessa. Mas da Comunhão ao “Ide em paz” valeu SUPER a pena. Primeiro, pela língua, o italiano é um idioma fantástico, sonoro, gostoso aos ouvidos. Sempre que penso na Itália imagino um folhado sendo partido ao meio, com uma capinha crocante e queijo derretido esparramando depravadamente na superfície lisa do prato. Então a sensação era essa, cada palavra que era dita, eu dava uma mordida imaginária no meu folhado.
Logo depois fomos à área externa da Igreja, onde mesinhas representavam a bandeira da Itália através de tolhas verdes, brancas e vermelhas de TNT. Na cozinha, as simpáticas jovens da foto acima preparavam o penne para servir. Bolonhesa, pomarola ou quatro queijos, dentre as opções, escolhi o máximo que pude.
Comidas, Yolanda, teclado e Giuliana, minha ilustríssima anfitriã, que nos guiou para o primeiro face-to-face com os descendentes das famílias pré-selecionadas. Primeiro, Alessandra Trocolli, que explicou a grafia correta do seu sobrenome, com um cê e não dois, e sugeriu uma abertura extraordinária para o livro. [Segredo por enquanto]. Em seguida, Ialmita Grisi, uma senhorinha muito simpática com a qual a eu já havia conversado por telefone, mas ela me surpreendeu com um problema: Os Grisi estariam sem “cozinheiro” para o livro, nem ela, nem nenhuma das primas estavam com disponibilidade para prepararem suas receitas. [Problema a ser solucionado mais adiante]. Cristina Di Lorenzo, Domenica e Valdira Magliano vieram depois, todas muito empolgadas com a idéia de participarem do projeto. De tanto falarem em nhoque, cavatelle (ou cavatiulle) tive a impressão de que cada página vai exalar um vaporzinho de macarrão italiano no fogão. Por fim, Normando Perazzo e as expectativas que de quem deverá estar viajando justo quando deveríamos entrevistar os Perazzo.
Criamos novas expectativas e, a cada dia, cresce a responsabilidade. Quanto aos Perazzo, sugerimos mudar a data.. estou aguardando uma resposta.

Grisi, Trocolli, Perazzo, Magliano e Di Lorenzo




Foto: Internet

Um dia no começo deste ano (2011), eu estava na aula de italiano, no Instituto Dante Alighieri. Era quarta a noite e, como de costume, era minha vez de abrir o coração (em italiano) para minha querida docente Giuliana Rossi. Normalmente, conversamos mais do que fazemos os exercícios – isto, na grande maioria das vezes, por minha culpa.
Uma das grandes maravilhas de ter começado a estudar o italiano foi descobrir Giuliana. Ela se tornou uma amiga querida, coisa que eu jamais pensei que aconteceria entre mim e uma jovem senhora mãe de quatro filhos adultos, se eu contei certo. A Itália sempre atraiu minha atenção, desde pequena, a imagem (mental) de caminhar pelas ruas de Roma me fez acreditar que eu choraria rios de felicidade, suficientes para afundar de Roma à Veneza, assim que pusesse os pés por lá. Por isso comecei a estudar italiano... e pelo tradicional parentesco europeu. Não! eu não sou descendente, nem ascendente, nem signo na lua de nenhum italiano. Minha relação é puramente de amor por um lugar que eu jamais visitei.
Foi então que, de um pulo à outro, eu sai de uma aluna querida para a autora deste livro, “5 jantares - Um histórico de famílias italianas na Paraíba”. A idéia foi, e sempre será, de Giuliana. Este livro era um sonho que ela tinha: retratar a memória, as histórias, a leveza da cultura italiana na Paraíba através dos seus descendentes e das suas receitas culinárias. Uma idéia que ela propôs e eu abracei. De repente, eu larguei as premissas de realizar um projeto de monografia e passei a refletir sobre aquilo que Capote chamava de “Romance não-ficcional”.
Dias depois, meu professor orientador Thiago Soares, olhou para mim e disse: Livia, cinco jantares? Porque não cinco jantares? Você reúne as histórias, descreve as lembranças e junta tudo em uma mesa de jantar.
Daí, partimos para preparar o pré-projeto, escolher as famílias – segundo sua disponibilidade e interesse, muito mais do que da sua representatividade para a Paraíba. Feito isto, em 11 de julho de 2011, confirmamos a aprovação oficial da coordenação do curso para a execução do livro que Giuliana já chamava de “Cinque Cene” (Cinco Jantares), nada mais sonoro. J



Foto: Felipe Ramelli
Falamos em tiragem, capa, em “vender como água”... Vender? O projeto foi ficando cada vez mais audacioso. (vale ressaltar que tudo ainda é uma metamorfose com planos que se adaptarão à realidade de execução deste projeto). Mais ou menos nessa época, a parceria acadêmica com Felipe Ramelli coube como uma luva. Ele precisava de um projeto e eu de um co-autor, dupla perfeita e, de repente, mais sangue italiano entrou para produção do livro.
5 jantares ou Cinque Cene, como queiram, será um projeto de amadores na arte da literatura, iniciantes no bate-teclas do jornalismo, mas já é um sonho realizado. Este blog existe justamente para que você, visitante, possa ler o livro enquanto ele é escrito. Trata-se de mostrar além das páginas, ampliar a visibilidade da história, conhecer o que não será dito e fazer alguma propaganda heee. Depois, mais tarde, em novembro, o visitante se tornará leitor e o leitor, um visitante, em uma maneira nova de retornar ao passado e reler tudo, só que dessa vez sob o recorte dos autores.

Conto com a presença de vocês,
Livia.